“No momento, o agregador está em uma versão beta, para testar se está funcionando corretamente”, diz Claudio Sanches, diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco. “A ideia é que até o fim do mês essa funcionalidade já esteja disponível para toda a base de usuários do banco.”
A partir do recurso, quem já usa o íon vai poder determinar quais aplicações mantidas em outras instituições quer visualizar no aplicativo. A abordagem está em linha com os preceitos do open banking, que irá deixar na mão do usuário a decisão de quais dados quer compartilhar e com qual instituição.
No que diz respeito ao íon, o cliente poderá ainda determinar como irá ver essas informações. O pacote de opções inclui desde visualizar os investimentos de maneira consolidada até enxergá-los divididos por produto ou instituição.
“Nesse lançamento, estamos integrados a outras dez instituições do mercado”, afirma Sanches, sem revelar o nome das instituições financeiras. “Mas elas cobrem mais de 95% de todo o dinheiro investido no mercado brasileiro de pessoa física.”
Para viabilizar essa nova funcionalidade, o Itaú Unibanco fechou uma parceria com a Olivia. O banco está embarcando no aplicativo o robô de agregação de investimentos da fintech brasileira, que usa recursos de inteligência artificial e tem o BV, a XP e o fundo BR Startups entre seus investidores.
“O acesso à infraestrutura de open banking será uma commodity”, diz Lucas Moraes, cofundador da Olivia. “A grande oportunidade é como aplicar inteligência nos dados financeiros para criar novas experiências. Nesse ponto, essa parceria é um passo importante para capturar todo esse potencial.”
Squads, simulações e concorrência
O lançamento do agregador será acompanhado por outros dois novos recursos. O primeiro deles é a possibilidade dos clientes da corretora do Itaú Unibanco realizarem todas as transações e investimentos dentro do íon.
A segunda novidade diz respeito às informações de mercado em um feed de notícias, dando sequência à inspiração em apps e serviços fora do ambiente financeiro. Hoje, o íon conta, por exemplo, com conteúdos no formato de stories e produtos dispostos de forma muito similar ao catálogo da Netflix.
“Nossa ideia é que a experiência dentro do íon seja como uma transação de e-commerce”, diz Constantini. Sanchez acrescenta: “Em 2020, fizemos mais de 70 laboratórios para entender o que os usuários queriam e hoje temos 80 squads multidisciplinares para concretizar essas entregas.”
Os próximos passos já em desenvolvimento envolvem uma opção de “check-up”, que ajudará o usuário a entender se sua carteira de investimentos está em linha com os seus objetivos, além da oferta de sugestões pré-definidas de trilhas de investimento, para a realocação das aplicações.
Outra ferramenta em fase de incorporação ao íon é a Portfolio Review, plataforma desenvolvida internamente e que já é capaz de rodar 12 bilhões de simulações para identificar o perfil de risco de cada carteira e fazer recomendações aos investidores.
“Quando o cliente trouxer os dados de toda a sua carteira para o aplicativo, vamos conseguir fazer essas sugestões de forma holística e mais assertiva”, afirma Constantini. Sanchez completa: “E somos agnósticos. Se o melhor para esse cliente for tirar dinheiro do Itaú, essa será a recomendação.”
Parte de uma estratégia mais ampla da área de investimentos do Itaú Unibanco que teve início há pouco mais de três anos, com a abertura do portfólio de investimentos para a oferta de produtos de outras instituições, a estratégia do íon não está restrita ao aplicativo em si.
O banco está construindo uma rede de escritórios em todo o País para apoiar essa oferta. Das 22 unidades atuais, o plano é chegar a 94 até o fim de 2021 e a 130 em meados de 2022. “O íon nasceu como aplicativo, mas hoje se tornou nossa plataforma de investimentos”, diz Constantini.
Ao mesmo tempo, a ideia é triplicar a base atual de especialistas de investimentos dedicados ao atendimento dos investidores que utilizam o aplicativo e formar uma equipe de cerca de 2 mil profissionais nesse período.
“Vamos começar o lançamento do íon, de fato, agora”, ressalta Sanches. “Hoje, o Itaú tem cerca de 3 milhões de clientes em investimentos. Nossa meta é fechar o ano com 400 mil a 500 mil deles usando o íon.” O plano é estender também o app para quem não é correntista do Itaú no início de 2022.
“Fazer esse movimento agora é crítico na preparação do terreno para o open banking”, diz Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem, sobre o agregador de investimentos do íon. “Quando essa agenda chegar aos investimentos, eles já podem ter conseguido uma tração e um diálogo com o consumidor.”
A meta do Itaú Unibanco é fechar 2021 com uma base de 400 mil a 500 mil usuários no íon
Diniz ressalta que o Itaú Unibanco não é o único nome do setor a se adiantar nesse processo. “Eles decidiram fazer isso dentro de casa. Outros, no entanto, buscaram aquisições”, afirma. “E, agora, já não há tantos ativos disponíveis para serem comprados.”
Entre essas opções, ele cita a Gorila, dona de uma plataforma consolidadora de carteiras de investimentos. Fundada em 2016, a startup já captou R$ 35 milhões junto a investidores como Canary, Ribbit Capital, Iporanga Ventures e Monashees.
Do lado de quem está investindo em aquisições, o destaque recente é o BTG Pactual. Em maio, o banco comprou a Universa, holding que, além da Empiricus, reúne operações como o consolidador de carteiras Real Valor. Em março, o BTG já havia adquirido a Kinvo, que também atua no setor, por R$ 72 milhões.
Na corrida para sair na dianteira do open banking em investimentos, outro movimento de consolidação foi realizado pela XP, em junho de 2020. Na época, o grupo comprou uma participação majoritária na Fliper, fintech que também atua com a agregação de investimentos.
Fonte Neo Feed, Moacir Drska 07/06/2021
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