Vender a “p…” do Banco do Brasil, como deseja o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfrenta tantos desafios que consultores e profissionais de mercado descartam um cenário em que a instituição financeira controlada pelo governo federal seja privatizada na atual gestão Bolsonaro. Os obstáculos começam na forte resistência política e terminam em uma questão crucial: quem compraria o segundo maior banco do país por ativos?

A resistência política parte de sindicatos de bancários, partidos de oposição e especialistas em sistemas bancários que enxergam no Banco do Brasil um elemento importante para o governo fazer políticas de crédito, em especial em momentos de crise econômica. Já encontrar um comprador é um desafio porque significa atrair investimento em momento de pandemia global. E ainda evitar o risco de que o novo dono do BB se torne muito forte, afetando a livre concorrência no mercado brasileiro.

Risco da concentração bancária

Gestores e economistas ouvidos pelo UOL lembram que o mercado bancário brasileiro já é bastante concentrado. Os cinco maiores bancos do país – por ordem de ativos, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Santander – já concentram perto de 90% dos clientes e mais de 80% da carteira de crédito.

Se um dos três bancos privados comprarem o BB, o poder do vencedor poderia afetar a livre concorrência. “O Banco do Brasil hoje está pronto para ser privatizado. Mas tem muita resistência política”, afirma o sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda nos anos 1980, e que atuou durante décadas no Banco do Brasil. “E do ponto de vista da concorrência, a privatização vai exigir uma engenharia, uma formulação que evite que se aumente a concentração bancária”, afirma.

Maiores bancos do Brasil
Indicadores em R$ bilhões em 31/21/2019

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