Itaú Unibanco |
1.566 |
143,5 |
13,2 |
583,0 |
3,1 mil |
Banco do Brasil |
1.473 |
99,2 |
9,9 |
621,4 |
4,4 mil |
Caixa |
1.293 |
50,4 |
11,1 |
693,7 |
3,3 mil |
Bradesco |
1.145 |
134,8 |
10,8 |
453,4 |
4,5 mil |
Santander |
850 |
72,4 |
7,5 |
351,6 |
2,7 mil |
“Se o comprador do Banco do Brasil for um dos três grandes, eu mesmo vou para a rua com faixa contra a privatização porque a concentração vai aumentar muito”, afirma o professor titular de finanças da FGV EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), Rafael Schiozer.
Chineses entre os estrangeiros
Estudiosos do assunto lembram que o histórico de bancos estrangeiros no Brasil não é de sucesso, à exceção do Santander, o que reduz a chance de que um grupo internacional entre na disputa pelo BB. O americano Citi, o português Caixa Geral de Depósitos, o espanhol BBVA, o HSBC, de Hong Kong, são alguns exemplos de operações estrangeiras que não deram certo no Brasil.
“Essa é uma questão prática importante: vai ter comprador que não seja um dos três grandes bancos privados brasileiros? Eu acho que não vai. Então acho que tem que esperar um momento em que ou o Brasil esteja mais atrativo, ou que surjam novos fortes candidatos internos”, destaca Schiozer, da FGV.
O sócio gestor da gestora de recursos Perfin, Alexandre Sabanai, concorda que os três grandes bancos privados brasileiros estariam fora do páreo por causa da concentração bancária e admite que grupos financeiros dos Estados Unidos e da Europa não devem entrar na disputa pelo histórico recente.
Mas para ele, há candidatos que poderiam disputar o BB, tanto no exterior como aqui. “Para mim, os chineses seriam candidatos fortes”, afirma Sabanai, citando dois dos maiores bancos chineses: o ICBC (Industrial & Commercial Bank of China), que tem mais de US$ 4 trilhões em ativos, e o Bank of China, com ativos acima de US$ 3 trilhões.
Segundo ele, as instituições financeiras da China têm demonstrado apetite por investimentos no Brasil, em especial nos setores de energia e agronegócio, áreas em que o Banco do Brasil tem participação relevante no crédito.
E mesmo entre bancos brasileiros, o gestor de recursos especialista em investimentos em ações enxerga concorrentes. Para ele, BTG Pactual e Safra poderiam correr por fora. “Seria um passo ousado, mas acredito que eles iriam ao menos olhar a possibilidade”, afirma.
Oposição política
Mas muito antes de encontrar comprador, a privatização do Banco do Brasil tem outros obstáculos, dizem especialistas. Como a privatização só pode ser levada adiante por aprovação de uma lei no Congresso, aí já surge o primeiro desafio.
“Não há espaço para privatização”, afirma o sócio da consultoria Tendências, Maílson da Nóbrega, que conhece muito bem a história do banco. Antes de ser ministro da Fazenda no governo José Sarney, nos anos 1980, ele foi responsável pela equipe que mudou o perfil do Banco do Brasil.
Até o fim dos anos 1970, o Banco do Brasil era muito mais que um banco – acumulava funções que hoje são do Banco Central e do Tesouro do governo. Fazia de tudo: de fiscalizar o sistema financeiro a emprestar dinheiro a outros bancos. “O BB chegou a ser o 8º maior banco do mundo nos anos 1970. Mas era um sistema inviável. A inflação começou a subir e o Brasil quebrou. Para não quebrar também, o BB teve que mudar”, lembra Maílson da Nóbrega.
As mudanças levaram décadas, diz o ex-ministro da Fazenda, em grande parte porque ao longo dos anos em que teve muito poder na economia e na política do país, o BB criou uma grande capacidade de resistir às mudanças.
Papel importante para o governo
Há ainda os que questionam a necessidade de privatizar o Banco do Brasil neste momento por causa do papel do banco em momentos de crise. “A crise de 2008 mostrou que os bancos públicos têm um papel importante para reduzir o impacto da crise na economia”, afirma o professor da FGV EAESP, Rafael Schiozer.
Ele admite que procede a preocupação com a influência política na gestão do banco. “O que é ruim”, diz. “Mas deve-se destacar o papel do banco público como agente de política contracíclica”, afirma, ou seja, quando empresta mais dinheiro justamente no momento em que outros bancos se encolhem por causa de uma crise.
O professor da FGV destaca ainda o papel do Banco do Brasil no crédito agrícola. “No mundo todo tem algum tipo de auxílio ou subsídio para agricultura. E no Brasil, parte importante dessas linhas vai para pequenos e médios produtores por meio do Banco do Brasil”, afirma Schiozer.
Governo tem outros bancos
Quem defende a privatização do Banco do Brasil destaca que o governo pode usar outros bancos para repassar linhas de crédito, como as do setor agrícola, sem ter que usar o BB. Maílson da Nóbrega, por exemplo, aponta que a participação dos bancos privados nessas linhas já aumentou bastante.
O economista e sócio da Troster & Associados, Roberto Troster, especialista em sistema bancário, destaca que o governo tem outros bancos que podem atuar. “Tem o BNDES para linhas de crédito de longo prazo, a Caixa para programas sociais, os bancos regionais BNB para atender o Nordeste e Basa para a Amazônia”, afirma o também ex-economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Assim, do ponto de vista de políticas de crédito, afirma Troster, o Banco do Brasil não é essencial ao governo. “Se a gente olhar as taxas de juros praticadas pelo Banco do Brasil e pelo setor privado não vemos grandes diferenças”, diz.
Fonte UOL, 29/05/2020
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