O ambiente dos últimos anos já era propício para o enxugamento da estrutura física de atendimento bancário aos clientes por causa de três motivos: avanço da tecnologia, mais competição das fintechs e bancos digitais e a necessidade de redução de despesas administrativas.
A chegada da pandemia de coronavírus ao Brasil em março deste ano, entretanto, foi a senha para as grandes instituições financeiras privadas do país apertarem o botão de fast foward nesse processo, acelerando o fechamento de agências físicas pelo país.
Dados do Banco Central mostram que, entre dezembro de 2019 e o mês passado, Itaú Unibanco e Bradesco fecharam as portas de 648 agências no país _ 338 e 310, respectivamente. Para dar uma ideia de como isso aumentou, as duas instituições financeiras fecharam juntas 503 unidades no ano passado inteiro.
Em meio à pandemia, os públicos foram em direção diferente: a Caixa praticamente manteve sua quantidade de agências, enquanto o Banco do Brasil elevou o número de unidades. O Santander, que possui uma estratégia distinta dos outros privados (o banco quer crescer sua participação avançando no interior do Brasil), também aumentou seus pontos de atendimento.
No caso dos grandes privados, entretanto, esse movimento de redução do atendimento físico não vai parar por aí, como indicou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, nesta semana durante apresentação do resultado do banco no segundo trimestre.
Segundo ele, o encerramento da atividade de agências vai se intensificar no segundo semestre e também em 2021.
“Estamos fazendo um trabalho de estruturação de fechamento de agências com inteligência, estatística e metodologia aplicada”, disse o executivo. “Faz sentido termos 14 agências na Avenida Faria Lima? Podemos ter 12 ou 11”, exemplificou.
Banco no celular
Os bancos já vinham cortando o atendimento físico e investindo em soluções digitais.
Em um ambiente de maior concorrência no setor financeiro e crescimento do mobile banking (uso de aplicativos para serviços bancários), as instituições financeiras investiram R$ 8,6 bilhões em tecnologia no ano passado, um crescimento de 48% na comparação com 2018, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
“Estamos em um mundo online. A nova geração, de até 35 anos, já estava acostumada a um ambiente de banco completamente virtual. Com o processo da covid-19, que é global, esse processo foi bastante acelerado”, afirma economista e consultor especializado no setor financeiro João Augusto Salles.
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