Candido Bracher, presidente do banco, afirma que reequilíbrio fiscal não pode ser feito com criação de mais impostos.

A reforma tributária que está sendo proposta pelo governo federal não parece ser a ideal porque vai provocar aumento da carga tributária e, portanto, aumento do custo do dinheiro. Além disso, um  novo imposto nos moldes da antiga CPMF não parece ser eficiente e prejudica as cadeias de produção mais longas, onde haverá incidência em cascata desse tributo, encarecendo o produto final. A avaliação é do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, que afirma que o governo precisa retomar as rédeas da área fiscal para que a economia brasileira volte a crescer no período pós-pandemia.

“A busca do reequilíbrio fiscal após a expansão de gastos necessária para a pandemia é muito importante. E isso não deve ser buscado com aumento de carga de impostos . Esta reforma proposta, embora não avaliamos todos os pontos, tem aumento de carga tributária. Isso provoca aumento do custo do dinheiro e não parece ser a reforma ideal. A nova CPMF prejudica as cadeias da economia quem tem muitos agentes porque incide em cada fase da cadeia e acaba encarecendo o produto final”, disse Bracher, durante apresentação dos resultados do segundo trimestre do banco.

Bracher lembrou que a carga tributária no Brasil está em torno de 36%, nível elevado na comparação com outros países emergentes. Para ele, um aumento de impostos vai atuar no sentido contrário do crescimento econômico. Portanto, a reforma tributária deve ter como objetivo racionalizar o sistema tributário, suprimindo impostos que atrapalham o funcionamento da economia. Ele lembrou que no Brasil as empresas investem até 30 vezes mais em equipes para fazer recolhimento de impostos dada a complexidade do sistema tributário brasileiro.

No segundo trimestre, a expectativa do Itaú é que a economia brasileira tenha encolhido 10,6%. Para o ano, a expectativa do banco é de uma retração de 5%, embora os sinais da atividade econômica já estejam melhorando desde abril.

O banco aumentou as provisões para perdas com inadimplência , que tiveram um salto de 71,6% na comparação anual, ficando em R$ 7,561 bilhões. Mas a inadimplência acima de 90 dias caiu. Passou de 2,9% no segundo trimestre de 2019 para 2,7% no mesmo período deste ano. Em março, o indicador estava em 3,1%.

A carteira de crédito total do banco cresceu 2,9% na comparação trimestral e subiu 20,3% na comparação anual, totalizando R$ 811,3 bilhões.

Fonte Brasil Econômico, 04/08/2020

 

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