A pandemia do novo coronavírus fez com que 4,9 milhões de brasileiros saíssem da chamada classe média, migrando para a classe baixa. Com 100,1 milhões de pessoas com renda familiar de R$ 2.971,37 a R$ 7.202,57, é a primeira vez em 10 anos que o grupo se iguala aos que têm renda familiar de R$ 262,02 a R$ 2.238,20, ou seja, 47% da população do país.
Os dados são de uma pesquisa que o Instituto Locomotiva acabou de divulgar, após levantamento feito entre os dias 21 e 22 de março. Foram feitas 1.620 entrevistas em 72 municípios, no período.
O estudo mostra que de 2010 para cá, a classe média no país foi de 54% da população para 47%. Em relação ao ano passado, a queda foi de 51% para 47%.
Enquanto isso, a classe baixa subiu de 38% em 2010 para 43% em 2020, chegando aos atuais 47%.
Veja a evolução dos últimos 10 anos (% da população)
2011
- Elite: 8
- Classe média: 54
- Classe baixa: 38
2020
- Elite: 6
- Classe média: 51
- Classe baixa: 43
2021
- Elite: 6
- Classe média: 47
- Classe baixa: 47
“É triste que a gente, depois de todo o crescimento que a classe média teve durante 15 anos, que alimentou o crescimento do Brasil, chegue nessa situação. Quando a classe média sofre, todos sofrem”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Segundo o levantamento, seis de cada 10 brasileiros da classe média viram a renda diminuir no último ano.
Destes, 19% atualmente sobrevivem com metade ou menos da metade do que arrecadavam antes da crise sanitária. Para 18% dos entrevistados, a renda segue igual, e para 11%, aumentou.
Renda da classe média
- 58% recorreram a bicos, vendeu algum bem ou abriu um negócio para ter renda extra
- 39% acredita que a renda continuará diminuindo após a pandemia
- 69% estão com medo de perder o emprego
“O que a gente viu nesse processo de um ano e dois meses de pandemia é que a classe média, que é empreendedora, teve uma dificuldade com seus negócios. Os créditos que eles poderiam ter do governo não chegaram efetivamente. Tivemos um grupo de profissionais liberais que sofreu com a demanda”, avalia Meirelles.
A pesquisa revela ainda que 71% dos brasileiros adultos da classe média estão com pelo menos uma conta em atraso, ou seja, 54.393.000 de consumidores. A média é de 4,6 contas não pagas.
O levantamento também mostrou que, no último ano, alguns dos 1.260 entrevistados tiveram que abrir mão de serviços contratados; veja o resultado (entre quem tinha o serviço):
- Empregada doméstica/babá: 35%
- Plano de saúde: 23%
- Transferiu o filho para a rede pública: 18%
“Se a classe média resolver acabar com a polarização e, portanto, exigir das classes política e empresarial um grande movimento de vacinação para a retomada rápida da economia, de incentivo público ao empreendedorismo e geração de emprego, a velocidade da retomada da economia será maior”, defende o presidente do Instituto Locomotiva.
Fonte UOL, Rai Aquino 17/04/2021
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