EloPar (BB + Bradesco) |
66,665% |
63,100% |
56,980% |
56,960% |
Caixa |
33,335% |
36,900% |
36,878% |
36,889% |
Bradesco isolado |
0% |
0% |
6,142% |
6,142% |
Ao longo dos anos, a Caixa vem se destacando nessa operação. O banco, que é 100% controlado pelo governo federal, elevou sua fatia, em março de 2018, a 36,9% da Elo. Ou seja, em sete anos, ganhou 3,5 pontos percentuais na empresa.
Naquele mesmo ano, em dezembro, o Bradesco decidiu colocar mais dinheiro no negócio e reequilibrou as forças. Comprou 6,142% da Elo. Mas ainda assim, a Caixa ficou com quase 37% da operação.
Auxílio emergencial infla setor de cartão de débito
A terceira rodada de revisão das participações acontece neste ano. No mês que vem, os três sócios vão se reunir para contabilizar qual deles está gerando mais negócios para a bandeira Elo. Não haveria nada de diferente do que já aconteceu nas duas outras vezes se não fosse por um fato novo: a pandemia.
O novo coronavírus levou os governos a adotarem medidas de isolamento social. Para aliviar as dificuldades de quem perdeu renda, o governo federal lançou o auxílio emergencial.
E, na hora de fazer o auxílio emergencial chegar às mãos de milhões de brasileiros, o governo usou a Caixa como o principal banco de pagamento.
Dinheiro extra vai entrar na conta?
É aqui que entra o cartão Elo. Essa foi a bandeira usada pela Caixa para emitir as dezenas de milhões de contas digitais.
Com esses milhões de cartões emitidos em 2020, a Caixa se destacou no desempenho da Elo em 2020. E, por isso, o banco estatal deve voltar a ganhar nacos da empresa.
Mas Banco do Brasil e Bradesco querem discutir esses critérios. Se é auxílio emergencial, essas operações feitas pela Caixa não deveriam entrar na conta.
A Caixa defende que o que importa é que o banco efetivamente trabalhou para que a bandeira Elo siga conquistando mercado – e, por isso, todos os sócios saem ganhando no fim.
Procurados, nenhum dos bancos quis comentar o assunto.
Auxílio movimentou R$ 52,6 bilhões
Essa discussão faz sentido. Dados divulgados nesta semana pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) mostram que o auxílio emergencial representou cerca de R$ 52,6 bilhões nas transações com cartões de débito em 2020, ajudando esse segmento a bater os R$ 815 bilhões em transações no ano.
Crescimento das transações com cartões em 2020
Cartões |
R$ 2 trilhões |
+8,2% |
+11,1% |
Débito |
R$ 815 bilhões |
+14,8% |
+22,7% |
Crédito |
R$ 1,2 trilhão |
+2,6% |
+2,6% |
Sem o auxílio emergencial, o aumento das transações com cartões de débito em 2020 teria sido de 14,8%. Com o auxílio emergencial, esse mercado cresceu na verdade 22,7%.
Em busca do meio termo
O UOL apurou que os bancos podem encontrar um meio termo para resolver a pendência. Uma opção seria reduzir o peso que o número de cartões emitidos tem na avaliação, dando maior valor então ao volume médio movimentado pelo total de usuários.
Outra alternativa seria alongar o prazo de avaliação – para checar o quanto desses cartões que foram emitidos pela Caixa para pagar auxílio emergencial continuarão sendo usados pelos clientes.
Isso poderia ser feito ao longo de 2021, por exemplo. E em 2022, o tema seria revisto.
Por que Elo é importante
Segundo analistas de mercado, a bandeira Elo tem mais peso na faixa de consumidores de menor poder aquisitivo, especialmente entre os usuários de cartão de débito.
São clientes que geram menos negócios que os consumidores de cartões de crédito internacionais.
Por outro lado, a bandeira Elo foi a porta de entrada no mundo da conta bancária e dos cartões para milhões de brasileiros que jamais tinham sido clientes de bancos.
O chamado público desbancarizado pode não representar tanto hoje em termos da quantidade de negócios que gera, mas tem valor pelo potencial de novos negócios. A integração dessas pessoas desbancarizadas tende a gerar negócios no futuro.
Carlos Macedo, especialista em bancos e meios de pagamento da casa de análises Ohmresearch
Macedo também diz que a Elo é um negócio 100% nacional que representa concorrência para Visa e Mastercard. Isso ajuda Bradesco, Banco do Brasil e Caixa na hora de negociar condições com essas bandeiras.
Fonte João José Oliveira UOL, 15/02/2021
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